A apologética da política económica neoliberal rege-se por uma teia de conotações e associações de palavras como flexibilidade, maleabilidade, desregulamentação, reajustamentos, reformas estruturais, que tendem a fazer crer que a mensagem neoliberal é, usando as palavras de Pierre Bourdieu, “uma mensagem universalista de libertação”.

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

GLOBALIZAÇÃO NEOLIBERAL


A idéia-força original do ideário neoliberal é a de que o sector público (o Estado) é responsável pela crise, pela ineficiência, pelo privilégio, e que o mercado e o privado são sinónimo de eficiência, qualidade e equidade. Desta ideia-chave advém a tese do ‘Estado mínimo’ e da necessidade de liquidar todas as conquistas sociais, como o direito à estabilidade de emprego, o direito à saúde, educação, transportes públicos, etc. Tudo isso passa a ser regido pela férrea lógica das leis de mercado. Na realidade, a ideia de ‘Estado mínimo’ significa o Estado suficiente e necessário unicamente para os interesses da reprodução do capital (GAUDÊNCIO FRIGOTTO)
O liberalismo é o receituário  proposto como saída para a crise económica dos anos setenta, promovidos pelo economista norte-americano Milton Friedman, e que se posiciona contra a intervenção do Estado na economia e a favor da criação de condições para a total mobilidade do capital. O discurso neoliberal atribui à intervenção estatal e à esfera pública todos os males sociais e económicos, exaltando a livre iniciativa como solução frente aos problemas.
Milton Friedman afirma que se há desemprego então deverão reduzir-se os salários. Se esta diminuição dos salários não é capaz de gerar emprego, então é preciso continuar a baixar os salários. Para que os salários possam baixar, devem desaparecer os Sindicatos, já que estes não permitem que haja uma “livre” contratação da mão-de-obra, impedindo que o valor da força de trabalho se fixe pelas leis de mercado. Se os Sindicatos fazem subir o salário, isto leva a reduzir o nível de emprego.
A premissa principal da globalização neoliberal é a obtenção de rendimentos de curto prazo. Para cumpri-la, é necessário reduzir ao mínimo as barreiras ao capital financeiro.
Por seu turno, o “excesso” de instituições estatais e de legislação laboral, constituída em contratos colectivos de trabalho com as organizações sindicais, prejudica a rentabilidade das empresas e deve, por isso, ser eliminado. O objectivo é, obviamente, eliminar a rigidez da regulamentação das relações de trabalho e do compromisso entre capital e trabalho, para aumentar a margem de lucro dos grandes investidores.

“A desregulamentação da actividade económica tem servido, a si mesma, como fundamento
para os amplos processos de privatização que, sob o pretenso objectivo de acabar com a ineficiência
estatal, resultaram na abertura de novas opções de acumulação, ainda que à custa do
bem-estar da maioria da população” (Crítica de la globalidad, Víctor Flores Olea e Abelardo
Mariña Flores)

Para os neoliberais,os mercados financeiros são auto-reguláveis, sabem alocar recursos ao menor custo, com maior eficiência. Dispensam o planeamento público e tornam irrelevante a intervenção do Estado na economia.
No entanto, economicamente, o neoliberalismo fracassou, não conseguindo nenhuma revitalização básica do capitalismo avançado. Socialmente, ao contrário, o neoliberalismo conseguiu muitos dos seus objectivos, criando sociedades marcadamente mais desiguais” (P.Anderson, El despliegue del neoliberalismo) .

A primeira experiência de aplicação sistemática do neoliberalismo no mundo deu-se no Chile de Pinochet, uns anos antes da vaga neoliberal na Europa iniciada pelo governo de Margaret Thatcher em Inglaterra e seguida pelo governo de Reagan nos Estados Unidos, e que só se aplica de forma mais ou menos generalizada na Europa. nos anos noventa, contribuindo para elevar em vários momentos e países a taxa de rentabilidade, como aconteceram nos Estados Unidos nos últimos anos do governo de Clinton

Sem comentários:

Enviar um comentário