A apologética da política económica neoliberal rege-se por uma teia de conotações e associações de palavras como flexibilidade, maleabilidade, desregulamentação, reajustamentos, reformas estruturais, que tendem a fazer crer que a mensagem neoliberal é, usando as palavras de Pierre Bourdieu, “uma mensagem universalista de libertação”.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

FMI E A CRISE FINANCEIRA

 

Concluindo a inutilidade de tentar esconder o sol com a peneira, O FMI vem, a público, reconhecer o que toda agente conhece. A crise está aí e para ficar. É a fase senil do capitalismo. É o reconhecimento, implícito, do falhanço das politicas neoliberais, tanto no terreno social quanto económico
Segundo declarações de John Lipsky, primeiro vice-diretor do FMI, " nesta altura, existem poucas dúvidas de que os riscos de uma escalada adicional da crise estão crescendo e uma ação política decisiva será exigida para colocar o sistema financeiro global e a economia em uma base mais firme", disse Lipsky em discurso preparado para um evento no Peterson Institute.
Um risco é o potencial para uma "desaceleração financeira global" no qual o aperto ao crédito atinge a economia real, que, por sua vez, ajuda a alimentar uma "espiral de baixa no crédito", disse o primeiro vice-diretor-gerente do FMI. Os bancos centrais e os órgãos reguladores são a primeira linha de defesa, disse Lipsky.
"A necessidade para se preparar mais sistematicamente ante os riscos potenciais foi demonstrada amplamente durante os últimos meses", acrescentou.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

AS GRANDES EMPRESAS DA DESINFORMAÇÃO

 

As transnacionais, os monopólios e as grandes empresas da desinformação — além de locutores, modelos de televisão, advogados, economistas e um que outro jornalista de profissão ou que sem sê-lo apresenta-se como tal — substituíram os “Super Amigos” nessa luta contra o mal, chegando a convencer-se de que também são os portadores da verdade, da sabedoria, do conhecimento e de uma moral implacável que os torna invencíveis e incólumes a tudo quanto de pecaminoso existe no mundo. São quase deuses! Será por isso que não existem?
Investigar com profundidade tudo o que lhes vem na cabeça; nada escapa dos olhos da águia jornalística, apesar de que geralmente eles pareçam toupeiras. Suas fontes sempre são as mesmas: as notas das empresas-agências internacionais de notícias, os especialistas e políticos que defendem o status quo, os intelectuais bem pensantes fantasiados de “progre”
Falar com clareza e amplidão de termos.
São verdadeiros poetas (do futebol, da morte, de quase tudo) e escritores, mesmo que não saibam utilizar nenhuma das figuras nem dos recursos que a oratória, a poesia e a literatura proporcionam àqueles que querem desenvolver estas artes.
Esta “liga justiceira”, formada por uma plêiade de “sabe-tudo”, especialistas na mentira, arrogou-se o direito de apresentar sua visão do mundo como a única válida e verdadeira. Afinal de contas, sua missão divina é a de desinformar.
Como diz Alfonso Sastre: “Os membros desta confraria aparecem publicamente como muito zelosos da sua independência e da sua liberdade; quando a verdade é que geralmente sua liberdade e a ideologia do Poder coincidem”.
, querem convencer-nos de que a democracia, a liberdade, a paz e a unidade nacional podem ser construídas apenas com o diálogo e o consenso entre todos os membros de uma sociedade, sem importar as contradições sociais históricas que são o produto da existência de um sistema injusto, desigual e explorador como é o capitalismo.
Estes “democratas” e “pacifistas” a qualquer preço jamais se preocupam em analisar e apresentar as causas reais que são a origem dos conflitos de caráter social. Para estes falsificadores midiáticos o problema da violência fica reduzido às ações provocadas e executadas por grupos extremistas, tanto de direita como de esquerda, apesar de que freqüentemente falam somente da violência da “extrema esquerda”.Confira aqui

A DEMOCRACIA COMO REGIME E O CAPITALISMO COMO SISTEMA ESTÃO EM CRISE

 

As sociedades desenvolvidas podem conduzir à servidão e à barbárie. A ideia não é nova. Alexis de Tocqueville refere-se-lhe no clássico “De la Démocratie en Amérique”, O capitalismo costuma resolver os seus problemas, renascendo das cinzas aparentes com que apressados preopinantes o pretendem cobrir. A democracia, essa, é mais difícil de corrigir os erros que comete. Também estão em Tocqueville estas indicações, cada vez mais premonitórias. A época que vivemos sublinha-as.
O neoliberalismo já deu o que tinha a dar. Mas persiste, graças à sustentação leviana que se lhe presta O cortejo de misérias que atrás de si deixa é assustador. E não está feito o estudo comparativo do totalitarismo e da modernização. Pierre Bourdieu tentou, e deixou-nos textos admiráveis sobre as «evoluções involutivas» do universo orwelliano em que, alegremente, mergulhámos.
Em Portugal, por exemplo, assiste-se ao afastamento dos intelectuais das relações com a política. Uma Imprensa acrítica e, até, subserviente ao império dos grandes interesses; uma Televisão imbecilizadora; uma Rádio propagandista de valores culturais que agridem os nossos; uma empresariado analfabeto, preguiçoso e ganancioso; políticos sem dimensão, mentirosos, evasivos – teria, obrigatoriamente, de dar nisto. O mundo que acabou não foi substituído por um mundo melhor. Pelo contrário. Articulistas arfantes, muito preocupados com a falta de liberdade em outros países, praticam um jornalismo de reverência, inverso do jornalismo de revelação e de combate, absolutamente urgente e necessário, até porque faz parte da sua específica natureza.Confira aqui

LEGISLAÇÃO IDEOLÓGICA E CULTURAL

 

Ao nível ideológico, a burguesia, a cultura burguesa, é portadora dos valores universais de conquista, valores universais terrivelmente corrosivos de exploração, baseada na cultura das Luzes, com o seu racionalismo.
Uma das características da senilidade do capitalismo é o abandono dessa cultura universal.
A ideologia dominante, o discurso dominante de hoje, são fabricados pelos norte-americanos. È uma ideologia pobre, não universalista, é uma mistura de comunidade, de especificidade, de não sei mais o quê.
O capitalismo sempre exerceu a prática politica fragmentada, mas não ousou criar uma legislação ideológica e cultural para colonizar, para senilizar, para universalizar a cultura. Colonizar, na verdade, é explorar por explorar, mas a legislação existe aí para nada.
Estamos sob essa ideologia, que eu classificaria de magra, de uma magreza terrível, com um discurso vazio a respeito da adversidade, da especificidade religiosa, cultural,etc, um traço incrível, um substituto dos valores universais, com um empobrecimento da democracia, que chegou ao nível de palhaçada com as eleições norte-americanas
SAMIR AMIM in A Senilidade do capitalismo

OS RICOS PERDERAM O MEDO DOS POBRES

 

A alta dos preços dos alimentos veio para ficar. Conseqüentemente, estamos de novo diante da perspectiva de crises de fome aguda nos países mais pobres. Perspectiva semelhante, em 1975, deu lugar à Conferência Mundial da Alimentação, cujas propostas para evitar a repetição do fenômeno deram em nada
Desta vez, os países ricos não se viram na necessidade de montar outra farsa como a de 1975. Em três dias, os chefes de 43 Estados reuniram-se em Roma e despacharam o assunto.
Ao pedido de 30 bilhões de dólares para enfrentar o problema, feito pelo diretor geral da FAO (Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação), a resposta dos chefes de Estado foi assim: toma dez e não se fala mais no assunto.
O episódio é bem indicativo dos tempos que estamos vivendo: "os ricos perderam mesmo o medo dos pobres", escreveu Eric Hobsbawm, em 1989. .
Contudo, convém ponderar que o resultado da reunião de Roma, não altera essencialmente a problemática da fome no mundo.
Para resolvê-lo, definitivamente, não basta comprar excedentes da produção dos países ricos e enviar comboios com alimentos para as regiões de fome aguda. Na lógica do capitalismo, isto pode ser até um bom negócio para as multinacionais do "agrobusiness".
A fome resolve-se com reforma agrária; planeamento agrícola; preços controlados; educação e saúde para a população do campo.
A humanidade não se pode libertar do fantasma da fome dentro dos marcos duma economia neo-liberal. Confira aqui